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domingo, 8 de janeiro de 2012

Eletrocardiograma - Resenha vencedora

Um dos "Contos do Sol Nascente", O ORIGAMI, teve a honra de ser escolhido pela ALAMI (Academia de Letras, Artes e Música de Ituiutaba) para ser o objeto resenhado em seu 5º Concurso de Resenhas.
O vencedor foi o premiado escritor e professor de línguas e literatura, Roque Aloisio Weschenfelder, autor dos livros "Mundo de Impressões" (poesia), "A Borboleta Brilhante" (infantil) e "O Ouro dos Dias" (coletânea de textos premiados). Colunista do site literário http://www.gostodeler.com.br/, foi patrono da 7ª Feira do Livro de Santa Rosa.
Confesso que a resenha me emocionou, tamanha a generosidade e talento com que o professor Roque resenhou o conto. Ao professor os meus parabéns e meus sinceros agradecimentos.
Também gostaria de agradecer ao presidente da ALAMI, Sr. Enio Eustaquio Ferreira, e a todos da academia, pela generosidade e pela alegria proporcionada por esta honraria. Domo arigatô!



Resenha vencedora:


ELETROCARDIOGRAMA






“O origami” de André Kondo é um conto composto de três partes distintas, mas interligadas pelo fio dos pássaros de papel. Linguagem acessível para o leitor com diálogos pertinentes e oportunos, sequência em linha curva no tempo parecendo gráfico de eletrocardiograma do narrador.



Desde o início a personagem Masao é mostrada em toda uma densidade, ou seja, maldade, como poderia pensar o leitor desavisado, uma vez que pena de morte é um prêmio valioso demais para um criminoso, assassino do genro e da filha e até atentado contra a vida da netinha, como narram os segundo e terceiro parágrafos. Masao é descrito como um homem cruel que chutava cães, atirava pedras em pássaros, inclusive no sagrado tsuru, um símbolo nacional, repelia a companhia de qualquer ser vivo. As descrições na primeira parte do conto servem para justificar o senso comum, reunido no bar.



O senso comum pode estar bêbado, porém sabe condenar, à vida miserável dos mais abjetos adjetivos, a alguém para quem a morte seria algo brando demais. O saquê, potente bebida alcoólica, move menos os pensamentos, todavia desloca palavras carregadas e inquiridoras que batem umas nas outras na perseguição de razões para as imbecilidades de Masao.



De repente a narrativa dá uma guinada. Um forasteiro, que se apresenta como conhecido do vilão se intromete nas discussões embriagadas. A tudo que afirma as bocas do “saquê quente” retrucam com desprezo e desdém. Quando finalmente pôde falar informou que Masao quase matou o próprio pai, mas remendou que isso iria acontecer para defender a mãe do pai bêbado – ele seguidamente agredia a mãe de Masao e um dia a matou sem que o filho o pudesse impedir. Nunca se perdoou, odiou o pai para sempre e a si mesmo por esse ódio voraz. O forasteiro inquire aos presentes se também já não cometeram injustiças por influência da bebida. Atinge a consciência da maioria deles. Pergunta ainda se algum deles já tentou se aproximar de Masao. Recebe como resposta a justificativa de que ele aceita ninguém. O homem acrescenta que todos nós temos uma força grande para transformar a vida das outras pessoas. No tempo em que falava dobrava um origami em tsuru de papel, depois em sapo e novamente em tsuru. No final desamassa o papel e sai.



O conto entra na segunda parte com a visita do forasteiro a casa onde mora Naomi, a netinha de Masao. Fala com ela e ensina-lhe, a pedido dela, como fazer tsurus. Explica-lhe que quem faz mil tsurus tem direito a um pedido. O narrador revela que o forasteiro é o irmão mais novo de Masao, tio-avô de Naomi.



A genialidade de André Kondo se mostra em toda a plenitude quando o narrador inicia a terceira parte do conto. Inicialmente Masao refuta a visita do irmão na prisão. O leitor surpreende-se ao saber que o mal falado criminoso apenas assumiu o papel de assassino. A revelação de que o genro de Masao envenenou a esposa e a filha e depois se suicidou, tendo Naomi, milagrosamente, sobrevivido, mostra uma técnica narrativa digna dos grandes mestres no gênero do conto. Masao apresentara-se como o assassino, querendo que Naomi nunca tivesse de sentir o ódio ao pai que ele mesmo vivera. Kondo sabe ser sublime quando faz Naomi falar com Masao chamando o de Ditchan (vovozinho). E acentua toda sua sensibilidade ao descrever o diálogo entre as duas personagens e a entrega de mil tsurus de papel alinhados em vários cordões. A revelação de que fez o pedido permitido por fazer mil tsurus, e este pedido ser para Masao se tornar uma pessoa boa, mostra como a dureza dos pré-julgamentos pode ter um oposto, a leveza das ideias de uma criança a dar asas a tsurus de papel e à alma de um homem na miséria existencial.



A leitura de “O origami” remete aos dramas que os vícios podem provocar nas pessoas, às tragédias que álcool e ciúme desencadeiam, ao ódio a que o coração se submete e à esperança que um simples gesto inocente de bondade consegue restabelecer. A trama simples, porém imprevisível, mostra a capacidade do autor de sustentar o interesse do leitor e de até comovê-lo.



Um conto bem escrito como este de André Kondo tem a capacidade, não somente de prender o leitor do início ao final, como sabe surpreender a tal ponto que ele se sinta enganado, mas feliz com esse engano.



“O origami” candidata-se a figurar entre os melhores contos escritos no século XXI e não fica devendo aos expoentes dos criadores de narrativas curtas.





Roque Aloisio Weschenfelder









 

terça-feira, 19 de julho de 2011

Palavras do Diretor do Nitigo (UCENS) - Issao Kagiyama

No dia 16 de Julho tive o prazer de lançar o livro "Contos do Sol Nascente" em Sorocaba, cidade em que residi por um tempo. Foi uma grande satisfação participar da Festa Japonesa e uma honra conhecer o pessoal da UCENS. Vi nascer o Parque Kasato Maru, local da festa, pois sua construção coincidiu com o período em que morei em Sorocaba, inclusive, estando presente durante a sua inauguração. Fiquei muito feliz em ver que o parque continua bonito e muito bem e mais ainda a colônia japonesa em Sorocaba! Obrigado a todos! Transcrevo, abaixo, com a devida permissão, o e-mail de Kagiyama-san: 






Kondo san através dos meus sinceros agradecimentos, trago comigo o mesmo sentimento do Presidente da Ucens Sr. Carlos Munetachi Hayashida, de todos os membros do Nitigo, inclusive da  nossa coordenadora de ensino,Aono Sensei, que por seus dotes culinários, precisou dar suporte em outro lugar da festa. 


Kondo san precisa saber que no domingo a procura pelo livro foi muito grande, seja por indicação de quem começou a ler ou por que pensou que encontraria o livro no domingo. "Contos do Sol Nascente" é realmente emocionante, e nos ajuda a resgatar valores que a ocidentalização exagerada nos fez perder.  


Hontoni Arigatou gozaimashita! 


Imakara itsumo yoroshiku onegaishimasu!




Issao Kagiyama
2º vice Presidente da Ucens - Fubo Kaityo do Nitigo.

Palavras do premiado poeta Antônio Rosalvo Accioly:

Conheci o talentoso poeta Antônio Rosalvo Accioly durante premiação realizada pela Academia de Letras de Maringá. Na ocasião, recebi o troféu Laurentino Gomes, e o amigo poeta, o troféu Cássia Arruda. 


Muito obrigado, Accioly, fiquei muito honrado e feliz ao receber seu e-mail (transcrito abaixo, com o consentimento do remetente):




Prezado Kondo,

Dos quinze contos do "Sol Nascente", não sei qual o mais belo!... Difícil dizer. Todos tem uma bela mensagem, digamos: "Lírica Filosófica". Porém quase sempre um nos toca com mais emoção. Aqui foi "A Boneca". Excelente! Minha neta de 10 anos vai ler o seu livro. Nos dias de hoje, onde as coisas andam confusas, é necessário que tenhamos oportunidades desse tipo para que possamos ter momentos de reflexão. E o 'Sol Nascente" traz com ele este momento! Lia, minha esposa, pensa como eu, pois, também, leu seu livro, e ficou fascinada.

Parabéns!...

Boa sorte!...
Do amigo,  (se assim posso me expressar)

Antonio Rosalvo Accioly